A Téspis Cia. de Teatro foi fundada em dezembro de 1993, na cidade de Itajaí (SC), com o objetivo de estudar o fazer teatral e aplicar tais estudos na montagem de espetáculos.
Para a companhia, o teatro é uma forma de entender(se) (n)o mundo. Realizar trabalhos e discussões que levantem questões acerca do mundo contemporâneo e dialoguem com ele através de obras de arte que reflitam uma forma de ver, agir e pensar; no sentido de contribuir com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Apesar da maioria de seus membros possuírem formação acadêmica nas áreas de Letras, Jornalismo, Publicidade e propaganda, Comércio Exterior e Audiovisual, suas formações na área teatral são autodidatas. Para tanto, participaram de oficinas de formação com diversos profissionais brasileiros, argentinos, uruguaios, italianos e dinamarqueses, entre eles podemos citar: Márcio Abreu (Cia Brasileira de Teatro/Curitiba/PR), Janaína Leite (São Paulo/SP), Marcelo Denny (São Paulo/SP), Janaína Matter (Curitiba/PR), Eugênio Barba (Dinamarca), Norberto Presta (Itália), Grace Passô (Minas Gerais), Elke Sidler (Florianópolis), Marcelino Freire (São Paulo/SP), Roberto Áudio (São Paulo), Lisandro Bellotto (Santa Maria/Rio Grande do Sul), Gabriel Calderon (Uruguai), entre outros.
A partir de 1997 passaram a participar de vários seminários ministrados pela Periplo Compañia Teatral (Buenos Aires – Argentina), tendo inclusive realizado um estágio de três meses no El Astrolábio Teatro (seu centro de trabalho), que culminou na montagem do espetáculo “Bodas… (um ato cotidiano)” no ano 2000. Dando continuidade ao intercâmbio, montou “Esse corpo meu?”, numa coprodução com a Periplo, em 2013 (estreia em 2014), para comemorar seus 20 anos de existência.
Além desses trabalhos, que tiveram dramaturgia construída durante o processo, conta também em sua bagagem com os seguintes espetáculos montados para o público adulto:
- Quarto de Despejo – o diário de uma favelada (a partir do livro homônimo de Carolina Maria de Jesus) – 1994
- Medéia – outra versão (livre versão da tragédia de Eurípedes) – 2002
- A história do homem que se transformou em cachorro (adaptação de Denise da Luz a partir do texto de Osvaldo Dragun) – 2004
- Na trilha dos pombeiros (dramaturgia de Denise da Luz a partir de contos de Franklin Cascaes) – 2006
- A Ingênua (adaptação de Denise da Luz do texto “El Despojamiento” de Griselda Gambaro) – 2008
- Pequeno Inventário de Impropriedades (de Max Reinert) – 2010
- Meteoros (de Max Reinert) – 2012
- Tomara que não chova ou a incrível história do homem que se transformou em cachorro (dramaturgia colaborativa criada durante o processo e assinada por Max Reinert) – 2015
- Índice 22 (de Max Reinert) – 2018
Desde sua fundação, a companhia sempre trabalhou com adaptações e/ou adequações de textos clássicos para suas necessidades. A partir de 2009, decidiu trabalhar com a criação de dramaturgia própria, apostando na criação de um trabalho autoral que privilegie a construção de uma identidade singular. Para tanto, o diretor artístico da Companhia, Max Reinert, frequentou durante 04 anos (de 2009 a 2012), o Núcleo de Dramaturgia SESI PR– Teatro Guaíra, em Curitiba, e desde então passou a assinar a dramaturgia dos espetáculos criados pela Téspis.
A Téspis também possui, desde sua fundação, uma pesquisa sobre teatro de formas animadas, que utiliza nas montagens de seus espetáculos para crianças; tendo montado até o presente momento:
- Menino Navegador (adaptação de Denise da Luz do texto “A Viagem de um Barquinho” de Illo Krugli) – 1994
- O Contador de Histórias (dramaturgia de Daniele Couto e Max Reinert a partir de textos de Memélia de Carvalho, Ruth Rocha, entre outros) – 1994
- O Circo Cheio de Lua (dramaturgia de Daniele Couto, Denise da Luz e Max Reinert a partir do texto de Memélia de Carvalho) – 1996
- Histórias de um Rei Tirano (dramaturgia de Denise da Luz e Max Reinert a partir do texto “Sapo Vira Rei Vira Sapo” de Ruth Rocha) – 1997
- O Pequeno Planeta Perdido (dramaturgia de Denise da Luz e Max Reinert a partir do texto homônimo de Ziraldo) – 1998
- Era Uma Vez… Eram Duas… Eram Três (remontagem de “O Contador de Histórias”) – 2000
- Histórias por todos os lados (contação de histórias a partir do livro de Didyer Levy) – 2004
- Lili reinventa Quintana (dramaturgia de Max Reinert a partir do livro “Lili Inventa o Mundo” de Mario Quintana) – 2006
- Um, Dois, Três: Alice! (dramaturgia de processo, a partir de “Alice no País das Maravilhas” e “Alice Através do Espelho” de Lewis Carroll, assinada por Max Reinert) – 2013
- Cabeça de Papel (de Max Reinert) – 2015
- O Patinho Feio, o Gato Desgrenhado e as Galinhas Vesgas do Mundo (dramaturgia de processo, a partir do conto homônimo coletado no livro “Mulheres que correm com lobos” de Clarissa Pinkola Estés, assinada por Max Reinert) – 2017
- Papelê – uma aventura de papel (dramaturgia de processo assinada por Max Reinert) – 2021
Nesses anos de trajetória a Téspis montou espetáculos, realizou uma série de trabalhos institucionais e dirigiu produções para outros grupos teatrais e musicais. Com estes espetáculos, além de temporadas e circuitos, a Téspis participou de vários festivais nacionais e internacionais no Brasil e exterior, levando seus espetáculos a teatros, escolas, centros comunitários e outros espaços.
Já se apresentou em Portugal, Venezuela, Chile, Paraguai e Argentina, conquistando mais de quarenta prêmios dentre outras inúmeras indicações.
A Téspis desenvolve ainda um trabalho de formação de atores, ministrando oficinas para crianças, jovens e adultos. Em Itajaí, mantém um curso de teatro permanente há mais de 15 anos, por onde já passaram mais de três mil alunos, muitos dos quais, deram continuidade à carreira artística.
Além da parceria com a Fundação Cultural de Itajaí, através de convênios e editais, a Téspis tem recebido patrocínio (via lei de fomento) da Brasfrigo S.A., Unimed Litoral, APM Terminal nos últimos anos e já foi premiada inúmeras vezes com editais como Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura (2009 e 2013); Edital Myriam Muniz, concedido pela Funarte (2006 e 2007), Edital Iberescena – fundo intergovernamental de apoio à dança, teatro e circo (2012 e 2014), entre outros.
A Téspis Cia. de Teatro recebeu patrocínio da Petrobrás S.A. nos anos de 2001 e 2002 para a realização do projeto Mostra Itajaiense de Teatro e Mostra Internacional de Teatro de Grupo e realizou também um projeto, através da contratação da unidade de negócios de Itajaí no ano de 2001, que consistia na montagem e apresentação em diversas escolas da região (Itajaí, São Francisco do Sul e São Pedro Alcântara), de uma peça de teatro de bonecos, que abordava a questão dos “Oleodutos”. Em 2015 foi selecionada no Edital Petrobras Socioambiental – Comunidades com o projeto Reciclando com Arte, com o qual atingiu 20 mil crianças da rede pública municipal de Itajaí com apresentações teatrais e oficinas de formação.
Em 2016 a companhia fundou sua sede de trabalho que também funciona como espaço cultural da cidade, a Itajaí Criativa – residência artística, onde oferece cursos e atividades artísticas e tem contado para parte de sua manutenção com o apoio da Procave Empreendimentos.
Em 2020, em virtude da pandemia de Civid-19, a companhia precisou reinventar-se completamente para enfrentar as mudanças pelas quais o mundo está passando. Dessa forma, realizamos diversas ações online, sejam elas ao vivo, sejam elas a produção e retransmissão de experiências de adaptação de espetáculos para este novo ambiente. Passamos também a criar material na área do audiovisual.
Então, neste período, realizamos as seguintes ações:
- Adaptação de espetáculos de palco para o ambiente virtual:
Os Sonhos Teus Vão Acabar Contigo – para adultos;
Pequeno Inventário de Impropriedades – para adultos;
- Produção Audiovisual:
Cadê meu Ninho? – curta metragem para crianças;
Papelê – cena curta – curta metragem para crianças;
Matador de Cachorro – curta metragem para adultos;
Projeto Escutatórias – série de quatro audiobooks criados a partir da obra de Max Reinert – para adultos;
Amar É Crime – coprodução teatral para adultos;
- Eventos:
Laboratório Cena Contemporânea Online – para adultos;
Dramaturgias em Cena – para adultos;
Cruzamentos híbridos para um Teatro Virtual, oficina virtual com 12 horas de duração.
Em 2021 a companhia realizou a websérie Falaceira, em cinco capítulos, projeto híbrido entre teatro, literatura e audiovisual criado a partir da obra do escritor pernambucano Marcelino Freire. Lançou ainda o livro Memória, história, teatro e resistência onde registra, de maneira afetiva, os processos criativos do grupo.