Max Reinert (em memória)

09/11/1972 – 31/07/2023

(foto: Mathý Gorszewica)

Max Reinert foi um dos fundadores da Téspis Cia de Teatro e atuou junto à companhia até o ano de 2023, quando faleceu aos 50 anos de idade. Seu legado faz parte do que constitui o grupo, seus princípios e suas realizações.

Desenvolveu formação autodidata na área teatral e é integrante da Téspis Cia. de Teatro desde sua fundação em 1993, tendo realizado outros trabalhos profissionais antes desta data.

Desde 1998 ministrou cursos e oficinas para crianças, adolescentes, adultos e professores nas áreas de interpretação, confecção e manipulação de bonecos, tendo prestado serviços para a Secretaria Municipal de Educação de Itajaí, Colégio de Aplicação da Univali, Fundação Cultural de Chapecó, Fundação Cultural de Concórdia, FacVest (Lages), entre outros.

Foi Coordenador Técnico da Mostra Internacional de Teatro de Grupo em Itajaí, SC nos anos de 2001 a 2004; neste mesmo período fez parte do Conselho Municipal de Cultura e presidiu a Associação Itajaiense de Teatro.

Em seu processo de formação estudou vários aspectos das artes cênicas, através de oficinas e/ou seminários, com distintos mestres do Brasil e do exterior, tais como Olga Romero (Curitiba,PR), Chico Penafiel (Curitiba,PR), Carlos Adrian Martinez (Buenos Aires, Argentina), Xavier e Alsônia Perazza (Uruguai), Madalena Bernardes (São Paulo, SP), Mauro Zanata (Curitiba,PR), Ewerton de Castro (São Paulo,SP), José Rubens Siqueira (São Paulo, SP), Renata Franco (São Paulo, SP), Mário Santana (Rio de Janeiro, RJ), Roberto Mallet (São Paulo,SP), Fernando Augusto (Mamulengo Só Riso, Pernambuco), Ana Kfouri (Rio de Janeiro, RJ), Osvaldo Gabrieli (Grupo XPTO, SP), Mallú Moraes (São Paulo, SP), Sérgio Mercúrio (Buenos Aires, Argentina) e mais recentemente com Eugênio Barba (Odin Theather – Dinamarca).

Desde 1997 desenvolveu estudos em parceria com a Periplo, Compañia Teatral tendo, inclusive, realizado estágio no “El Astrolábio Teatro” em Buenos Aires, Argentina sob a coordenação de Diego Cazabat.

Como ator atuou em vários espetáculos com outros diretores de Itajaí e região, destacando-se Terror e Miséria no III Reich de Bertold Brecht, Senhora dos Afogados de Nelson Rodrigues, A Viagem de Um Barquinho de Illo Krugli, O Contador de Histórias, adaptação de várias histórias de Ruth Rocha, Guiomar e Tônio Carvalho, O Circo Cheio de Lua de Memélia de Carvalho, Histórias de Um Rei Tirano, adaptação de “Sapo Vira Rei Vira Sapo” de Ruth Rocha, O Pequeno Planeta Perdido de Ziraldo, Bodas… (um ato cotidiano) dramaturgia criada pela Periplo, Compañia TeatralPequeno Inventário de Impropriedades e Esse Corpo Meu? (onde assina também o texto) .

Como diretor, realizou espetáculos com a Téspis Cia. de Teatro e também como diretor convidado em outras produções, tais como O Pequeno Planeta Perdido de Ziraldo, ZYVerissimo!!! 199,9Mhz adaptação de crônicas de Luiz Fernando Verissimo com o Gr.I.Te!, Trânsito Não É Brincadeira! com o Grupo de Educação da Policia Militar de Itajaí, Oração de Fernando Arrabal e A Pequena Vendedora de Fósforos adaptação do conto de Hans Christian Andersen com o Projeto Teatro Cidade, Na Trilha dos Pombeiros, adaptação de textos de Franklin Cascaes, baseado no folclore açoriano com o Grupo E.T.C. i. Tal., É Vero, Verissimo!?! de Luis Fernando Verissimo, com o grupo Letra Muda, O Pequeno Príncipe a partir da obra de Antoine de Saint-Exupéry com a Cia. de Atores, Medéia, uma versão da tragédia de Eurípedes, em forma de monólogo; A História do Homem que se Transformou em Cachorro, de Osvaldo Dragun; Lili reinventa Quintana, homenagem ao poeta gaúcho com a Téspis Cia. de Teatro e Meteoros, de autoria própria.

Outra faceta do diretor Max Reinert foi seu trabalho junto a grupos vocais e músicos. Com o Grupo Vocal Lícor de Pitanga atuou como assistente de direção de Celso Branco (Grupo Garganta Profunda, Rio de Janeiro,RJ) no show Licor Canta Brasil e dirigiu Estação Brasil. Dirigiu, também, espetáculos que reúnem teatro, música e dança, tais como Um Auto de Natal, Coros e Árias de Óperas e Um Boi Bom De Se Vê!, este último envolvendo 30 pessoas no elenco e que realizou a inauguração do Teatro Municipal de Itajaí.

Fez concepção e direção de palco para o Festival de Música de Itajaí em 2004, tendo trabalhado neste ano com Guinga e Gabriele Mirabassi, Joice, Vagner Tisso e Victor Biglione, Yamandu Costa e Adriana Calcanhoto. Fez direção de palco para a Semana de Inauguração do Teatro Municipal de Itajaí (2004), com 08 espetáculos e encerramento com Nana Caymmi, atingindo mais de 12 mil pessoas em uma semana e no 2o. Festival Brasileiro de Teatro – Toni Cunha (2011).

Em sua carreira como ator e diretor participou de diversos festivais no Brasil e também no exterior, tendo levado seus espetáculos a Portugal, Chile, Argentina, Paraguai e Venezuela, onde recebeu diversas indicações e prêmios.

Foi integrante do Núcleo de Dramaturgia do SESI – PR – Teatro Guaíra, onde desenvolveu estudos referentes a construção dramatúrgica contemporânea. Dentro deste projeto escreveu Pequeno Inventário de Impropriedades (premiado como Melhor Texto Original nos festivais nacionais de teatro de Limeira e Americana – ambas no estado de SP – e publicado pelo mesmo em 2010), Hipotermia (também selecionado para publicação, em 2011; montado pela Cia. Ambulatório, de Curitiba, em 2013 e pelo Grupo Teatro Sim… Por que Não?!!! de Florianópolis em 2014), Blow me Up ou Sobre a Natureza dos Homens Bomba (montado pelo Núcleo de Encenação e Atuação do SESI – Teatro Guaíra em 2012), Agora Sou Outra, Índice22 e Meteoros (pela Téspis Cia. de Teatro).

No ano de 2012 começou a ministrar oficinas de dramaturgia e escrita criativa, tendo participado do projeto Encontro com o Dramaturgo em Florianópolis, mantido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e também pelo SESC – SC através do Projeto Repertórios nas cidades de Joinville, Jaraguá do Sul e São Bento do Sul.

Em 2013 lançou o livro “Primeiras Obras”, pela Editora MultiFoco (Rio de Janeiro) dentro do selo Dramaturgias, com curadoria da Revista Virtual Questão de Crítica e atua como assessor no projeto Dramaturgia – Leituras em Cena do SESC – SC. Em 2015 voltou a atuar neste mesmo projeto e realizou, também pelo SESC-SC o projeto Boca de Cena, onde é orientador de oficinas de escrita dramatúrgica em cidades do interior do estado.

Em 2016, criou e coordenou, junto de Denise da Luz, o projeto Laboratório Cena Contemporânea, aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura / 2015, contribuindo para a discussão do fazer teatral na cidade de Itajaí.

Em 2017, dirigiu, como convidado, o espetáculo #Mergulho, com o Eranos Círculo de Arte, espetáculo para primeira infância que circuladou pelos principais festivais de teatro do país. Dirigiu também Metropol – Carvão, Ópio e Futebol, com o grupo Enluaratus, de Criciúma (SC).

Em 2018, seu texto Índice22 é selecionado para o EDIE – Encontro Internacional de la Dramaturgia Emergente, produzido pelo Corredor Latinoamericano de Teatro de Grupo. Realizou também direção de arte para alguns curtas metragens produzidos na cidade de Itajaí e co-protagonizou o curta Nego Dean, com direção de Lallo Bocchino.

Em 2019, ministrou oficinas de atuação no estado de Pernambuco, através do projeto do SESC – Dramaturgia(s), atuando pela primeira vez nas cidades de Bodocó, Araripina e Garanhuns. Foi convidado a dirigir o espetáculo Vozes Vivas – história de São João Maria, com a Cia. Contacausos (Chapecó, SC) – uma das principais companhias do Brasil que pesquisa a oralidade. Dirigiu também o espetáculo Vida Seca, com a Cia. Manipuladora de Formas Etc i Tal (Navegantes, SC), com o qual foi selecionado para a mostra off do Festival Mundial da Marionete em Charllesville, França. Dois espetáculos com sua direção (Índice22 – da Téspis Cia. de Teatro e Caê! – da Karma Cia. de Teatro) foram selecionados para o SESC – EmCena Catarina, maior circuito de artes cênicas do estado.

Em 2020, em função da pandemia de coronavirus, voltou sua produção para o ambiente virtual, tendo realizado versões de espetáculos de sua companhia para este novo ambiente. Colcaborou, como diretor convidado, no espetáculo Amar é Crime, a partir de textos de Marcelino Freire. Com a Téspis dirigiu PaPeLê – uma aventura de Papel, espetáculo para crianças selecionado para o Festival FUNARTE de Teatro Virtual.

Em 2021, dirige seu primeiro curta de ficção Matador de Cachorro, sendo selecionado para o Festival de Cinema de Jaraguá do Sul, SC; para o Global Indie Film Festival, em Glasgow/UK e para o First-time Filmmaker Sessions, Lift-Off Festival 2021, Buckinghamshire – UK. Seu texto Blow Me Up ou Um ensaio sobre a natureza dos Homens Bomba é selecionado para edição pela Editora Urutau. O espetáculo Vida Seca é indicado para o 15° Prêmio APTR – Associação dos Produtores de Teatro, na categoria Melhor espetáculo adaptado editado.