Ocupação Itajaí Criativa inicia neste final de semana

Despedida do espetáculo Tomara que Não Chova e workshop sobre Dramaturgia marcam início do projeto que vai até dezembro

A Téspis Cia de Teatro inicia nesta sexta feira uma programação especial intitulada “Ocupação Itajaí Criativa” para celebrar os 25 anos da companhia e os 30 anos de carreira de um de seus fundadores, a atriz Denise da Luz. Neste ano comemorativo, a Itajaí Criativa – residência artística abre as portas para uma programação totalmente gratuita. Serão 10 apresentações de espetáculos da Téspis, 10 workshops sobre teatro e cinco leituras encenadas. Na sexta-feira e no sábado, dias 27 e 28 de abril, a peça “Tomara que não chova ou a incrível história do homem que se transformou em cachorro” abre a agenda cultural.

A Itajaí Criativa – residência artística é ponto de encontro de diversos artistas e seus públicos. Um espaço cultural fundado em 2016 no centro de Itajaí, num casarão tombado como patrimônio histórico localizado no número 222 da Rua Dr. Pedro Ferreira.

Nosso objetivo com o projeto é oferecer para a comunidade a possibilidade de assistir espetáculos de teatro e também de participar de oficinas de formação de forma gratuita e continuada. A ideia surgiu a partir do desejo de que a comunidade saiba o que acontece nesse espaço que, além de ser a sede da Téspis Cia. de Teatro, também oferece várias possibilidades de cursos e apresentações. O projeto é um convite. A abertura da nossa residência artística para todos aqueles que têm o desejo de ajudar a construir mais um espaço de arte e cultura na cidade”, explica Max Reinert, um dos fundadores da Téspis Cia de Teatro.

Max conta que as peças que serão apresentadas formam o repertório do grupo no momento. Os workshops apresentam um painel do fazer teatral, desde a construção dramatúrgica, passando pela atuação e direção, até chegar à outras linguagens, como teatro de bonecos. Já as leituras encenadas focam na produção catarinense contemporânea.

O projeto “Ocupação Itajaí Criativa” é realizado com patrocínio da Unimed Litoral, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Fundação Cultural de Itajaí e Prefeitura de Itajaí.

Sobre a programação de abril

Tomara que não chova ou a incrível história do homem que se transformou em cachorro” será apresentada sexta-feira e sábado, dias 27 e 28, às 20 horas. A apresentação de sexta feira é mais voltada para agendamento de escolas e já está com sua lotação esgotada. A apresentação de sábado é voltada para o público espontâneo.

A peça é baseada em textos do escritor irlandês Samuel Beckett, do dramaturgo argentino Osvaldo Dragun e da poetisa Marina Colasanti, com atuação de Denise da Luz e Jônata Gonçalves, ambientação sonora de Hedra Rockenbach, máscara e escultura de Mauro Caelum e dramaturgia e encenação de Max Reinert.

A história da peça conta com um homem desempregado que tem como única oportunidade de trabalho se tornar “cachorro do vigia noturno”. Ciente de suas necessidades e convicto de não ceder às pressões que a nova profissão apresenta, o homem aceita o emprego. Mas, a chuva o obriga a se sujeitar a situações degradantes. Quanto tempo é necessário para que ele se acostume com essa nova condição? E, depois que ele adquira esse hábito, será possível voltar a ser homem?

No fim de semana, dias 28 e 29, também será realizado um workshop sobre Dramaturgia. As inscrições foram realizadas durante todo o mês e as 20 vagas que estavam previstas no projeto não foram suficientes para atender a demanda. A companhia aumentou o número para o máximo de 35 participantes e foi obrigada a recusar mais inscrições. O workshop é ministrado por Max Reinert, que abordará diversos aspectos ligados à escrita criativa para o teatro.

Acesse o site e fique por dentro da programação completa do projeto “Ocupação Itajaí Criativa”. Através da fanpage nas redes sociais também é possível se manter informado das próximas ações do projeto.

Téspis Cia de Teatro completa 25 anos

Téspis Cia de Teatro completa 25 anos entre as companhias pioneiras de Itajaí, cidade referência no teatro catarinense. Fundada em 1993 por Denise da Luz e Max Reinert, nasceu com o objetivo de estudar o fazer teatral e aplicar tais estudos na montagem de espetáculos, os quais também compartilha com atores e técnicos convidados. Ao longo dos anos, o grupo montou 21 peças, com trabalhos apresentados no Brasil e no exterior, e conquistou mais de 40 prêmios.

Em Itajaí, mantém um dos importantes espaços culturais da cidade, a Itajaí Criativa – residência artística, e há 16 anos um curso de teatro permanente em que já passaram mais de três mil alunos. A Téspis possui ainda pesquisa sobre teatro de formas animadas, que utiliza nas montagens de espetáculos infantis, e o Laboratório Cena Contemporânea, em que discute dramaturgia brasileira.

Nossa trajetória é um reflexo da necessidade de nos mantermos conectados com as coisas que estão acontecendo e usar esses acontecimentos para criarmos nossos espetáculos (…) A história da Téspis foi construída através de muito empenho, estudo e desejo por dialogar com plateias das mais variadas. Se existe algum tipo de sucesso nisso é porque decidimos não nos acomodar nas conquistas que tivemos e nem ficar nos repetindo em algum tipo de fórmula. Se um artista para de tentar criar, está morto”, comenta Max Reinert.

Desde a fundação, a companhia atua com adaptações e/ou adequações de textos clássicos. Em 2009, decidiu trabalhar também com dramaturgia própria, apostando na criação de obras autorais. Para saber mais acesse o site e/ou a fanpage da Cia.

 

Foto: Nubia Abe

Denise da Luz: 30 anos de amor ao Teatro

Denise da Luz, 51 anos, é uma personalidade do cenário itajaiense de teatro, um dos mais pulsantes de Santa Catarina. Começou a carreira em 1988 e desde então participou de mais de 30 espetáculos com distintas linguagens, atuando como atriz, diretora, adaptadora, figurinista e dramaturga. Junto com Max Reinert, fundou em 1993 a Téspis Cia de Teatro. Denise já ocupou importantes cargos públicos, entre eles diretora do Teatro Municipal de Itajaí (2009 a 2011), coordenadora geral do Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha (2011) e da Mostra Internacional de Teatro de Grupo (2001 a 2004).

Como atriz, alguns de seus papeis mais marcantes foram representados em Medéia (na adaptação em forma de monólogo do texto original de Eurípedes), Helena (no premiado Bodas…um ato cotidiano) ou ainda como Rosa (na versão teatral do livro O Pequeno Planeta Perdido de Ziraldo). Como diretora, realizou Pequeno Inventário de Impropriedades, premiado espetáculo da Téspis, e coordenou, entre outras experiências, a Cia. de Atores Mirins e o Grupo Teatral Ogrupo. Hoje é coordenadora pedagógica da Téspis Cia de Teatro, com a qual está em cartaz com três espetáculos, coordenou o projeto Reciclando com Arte, vencedor do edital Petrobras Socioambiental – Comunidades (2104), e orienta o GET – Grupo de Estudos Teatrais e o Laboratório Cena Contemporânea.

 

Entrevista pocket com Denise da Luz por Camila Gonçalves

– Você é uma artista completa, trabalhando em diferentes frentes como atriz, diretora, adaptadora, figurinista e também dramaturga. Qual sua função preferida no teatro e por quê?

Na realidade o que eu gosto mesmo é de fazer teatro, não importa qual o trabalho que eu precise executar para isso. Como sou de uma geração e de uma cidade que tem a cultura do teatro de grupo, acabei acumulando e desenvolvendo várias funções que no início me dava a impressão de excesso de trabalho, mas hoje vejo como algo fundamental para a formação de um artista. Eu me realizo muito quando estou em cena, exercendo a função de atriz. Porém, a possibilidade de transitar por essas diversas frentes, me possibilita ver o trabalho da atuação de uma maneira mais complexa. 

– Sua carreira em apenas uma frase.

O teatro para mim é necessário para que eu me perceba como alguém no mundo.

– São 30 anos trabalhando com Teatro em Itajaí. De lá pra cá, quais foram as principais mudanças que ocorreram e quais desafios se enfrenta diariamente?

Desde a época em que comecei a atuar, o fazer teatral profissionalizou-se muito. Temos ainda muito para avançar, mas já temos uma ideia de política cultural mais clara. Os mecanismos de fomento para o desenvolvimento de projetos culturais já fazem parte de muitas das pautas governamentais; sobretudo na criação de leis de incentivo através de renúncias fiscais.Sem contar que hoje, por conta do próprio avanço tecnológico, temos muito mais acesso as informações e consequentemente à formação na área artística, sendo através de ensino formal ou não.Uma questão que ainda me intriga e que nesses 30 anos de trajetória parece ser sempre uma incógnita, é de como podemos atrair o público, que precisa ser sempre e novamente conquistado.

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